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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Artigo: Chico de Francisco(Roberto Cacciari)


Nós tivemos a grande oportunidade de conviver em alguns momentos com o “nosso” Chico Xavier. Até hoje suas lições saltam na retina das minhas lembranças. Jeito simples, fala mansa, carinhoso, alegre, feliz, sempre pronto para uma boa frase. Não queríamos nos afastar dele. Quando tínhamos que ir, pois o horário exigia, era uma tristeza infinda. Chico era assim, nada exigia, mas todos nós ficávamos compromissados com ele. Assumíamos um compromisso silencioso de melhorarmo-nos. De ajudar na melhora do próximo. De divulgarmos a Doutrina Espírita com responsabilidade. Éramos jovens, tínhamos por volta de 16 anos no início desses nossos encontros, mas recebíamos nesses encontros a incumbência dos antigos. Havia muito por fazer, o mal predominava, a caridade era ainda palavra desconhecida dos corações, a fraternidade dava lugar a contendas, violências. Chico queria um mundo melhor. Ensinou-nos isso com seu trabalho ininterrupto, sacrifical, atendia a todos, não havia horas, nem dores próprias, nem fome, nem sono, nem cansaço. Só havia seu consolo, seus ensinamentos.

Lembro-me quando ele recebeu através da psicografia uma carta de um garoto que havia desencarnado, pois tinha caído de uma laje de uma casa em construção na cidade de São Paulo. Seus pais visivelmente emocionados, sem conter o choro, foram buscar o bilhete consolador. Nesse momento tirei uma foto, quando Chico entregava a carta também chorando. Chico tinha essa virtude também. Consolava os que o buscavam com suas lágrimas. Chorava junto, sofria junto. A cena nunca escapou de minhas lembranças. Mais tarde esses pais me procuraram, queriam uma cópia da foto que havia tirado. Conversamos longamente. Seu filho havia retratado na carta episódios que só o pai sabia. Outros episódios que só a mãe sabia. Como o Chico podia saber tanto de tantos? Eram milhares de pessoas, milhares de cartas, de nomes, de datas, de episódios. Tudo perfeitamente verdadeiro sem um único erro.

Sinto muita saudade do Chico. Sinto saudade quando empilhava fardos em nossos ombros pelo que recebia e aprendia com ele. Revive-lo através da mídia, do filme que vai ser lançado é motivo de emoção renovadora. Não que o Chico precisasse e precise disso. Não ele! Ele fez mais do que devia apesar de se achar um “cisco” nesse universo todo. Mas continuamos precisando dele. Vamos precisar sempre. Ainda andamos no escuro, somos ainda ligados a violência, precisamos dele para não cairmos mais, precisamos desse “cisco”, desse Chico de Franciso...

Roberto Cacciari é empresário e vice-prefeito de Catanduva

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