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sábado, 30 de janeiro de 2010

Artigo: Até Breve (Roberto Cacciari)

Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. Essa era a queixa de um velho senhor profundamente desanimado. Servia-se da letra da música para exprimir o que sentia. Relembrava o verdor os anos concluindo que a vida nunca lhe fora fácil. Lamentava, apontando todas as dificuldades que passara. A morte prematura dos pais. O trabalho duro que se iniciou cedo: aos doze lembrou com tristeza. Rememorava a vida dura, as necessidades, a falta do pão nosso de cada dia. Agora, arrematava: depois que ficamos velho ninguém nos quer, ninguém nos visita, estamos a sós. “Se eu morrer ninguém vai nem lembrar que existi” concluiu melancólico.

Bem amigo leitor, será que vão se lembrar que nós existimos? E, se lembrarem, que lembrança permanecerá? Ele foi bom? Foi boa? Tenho saudades dele ou dela? Será que vou deixar saudade? Realizei algo nobre? Não passei simplesmente pela vida assim como quem quer viver para si ou de si? Fui egoísta? Orgulhoso? Afinal o que fui? O que sou?

Não é preciso morrer para buscar essas respostas. Podemos começar agora a fazer um exame profundo de nossas atitudes. Podemos encarar nossos defeitos. Nada de deixá-los de lado como se eles não existissem. Enfim, não nos mentirmos, mesmo porque a nossa consciência não permitirá. E começarmos a nos conhecer. Para isso, algumas regras básicas devem ser observadas. Há quanto tempo não falamos “Eu te amo” para quem se ama. Ou “perdoe-me” quando sabemos que erramos. Um simples “obrigado” demonstrando gratidão. Um telefonema. Um e-mail. Também “parabéns” para o aniversário daqueles que convivem conosco. Fazermo-nos presentes no auxílio quando a dor bate à porta do nosso conhecido. Solidariedade para quem está sofrendo. Mas também viver a alegria da conquista de quem conquistou, se superou, venceu. Chorar junto, mas também sorrir junto. As alegrias da vitória dos que venceram é a nossa alegria. De forma simples, sem inveja.

Será que seremos lembrados? Lembramos de alguém que já se foi? Lembramos dos que permanecem? Antes de pensarmos em nossa partida que é inevitável, acho que devemos pensar como estamos permanecendo e por fim, como permanecermos sem partir...

Roberto Cacciari é empresário e vice-prefeito de Catanduva

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